2020-10-14
Senhor Presidente da Assembleia Nacional
Caras deputadas e caros deputados da Nação
Concidadãs e concidadãos que assistem a este debate
Excelências
Muito bom dia a todas e todos
Estamos hoje nesta casa parlamentar, para participar no debate sobre “Os desafios da educação em tempos de COVID”, debate pertinente, tendo em conta os enormes reptos que o sistema educativo cabo-verdiano, à semelhança dos sistemas educativos de todo o mundo, encara.
Todos foram confrontados com uma situação inédita, que pós a prova as práticas, a tradição e os saberes, que obrigaram a modificar procedimentos, e a suplantar o ensino presencial, por modalidades, até então considerados apenas como alternativas ou de apoio instrumental. Tudo isto para, manter a educação viva e manter a escola como um referencial fundamental na vida de crianças e jovens.
Em Cabo Verde, com o inicio do ano escolar 2020-2021 todo o esforço desenvolvido desde março de 2020, se tem redobrado e tem requerido o desenho de um quadro de ação que focaliza dois aspetos essenciais:
Para assegurar o cumprimento das normas de biossegurança, foi necessário em primeiro lugar, garantir as condições de funcionamento exigidas – tanto em termos de instalações, como de materiais e produtos sanitários.
Excelências,
Partilharei agora as medidas adotadas, que tem como foco a implementação de ações facilitadoras do desenvolvimento do processo de ensino aprendizagem, que é inerente a atividade escolar e educativa e que passa pela montagem do Programa de Educação à Distancia.
Por ser também um importante fator para a garantia da frequência e concomitantemente das aprendizagens não podemos deixar de mencionar as medidas de reforço do programa ação social escolar que, além de garantir as refeições, com a sua ação beneficia aqueles estudantes que pela sua condição socio económica necessitam apoios complementares. Toda essa ação social tem sido alavancada pela implementação de uma politica pública destinada a garantir o direito a educação, que se materializou na eliminação do pagamento de propinas, que neste ano letivo se completa e beneficia a mais de 58 000 estudantes do 7º ao 12º ano de escolaridade.
E a propósito do número de estudantes, de acordo com as projeções perto de 136 mil alunos e alunas devem frequentar este ano escolas e jardins, mas como tive oportunidade de referir na abertura do ano letivo, tornar isto realidade requer um trabalho redobrado, pois a mobilidade interna da população, gerada pela COVID 19, nos obriga a conferir as matriculas, e a identificar e localizar os alunos e alunas que não se apresentem nas salas de aula. Até este momento o Sistema Integrado de Gestão Escolar (SIGE) que funciona desde o ano passado em todas as escolas básicas e secundárias do país, indica que as principais mobilidades estão a ter efeitos em termos de aumento de efetivos em Santiago, em São Vicente e em Santo Antão.
Igualmente e como manifestei ainda nessa mesma altura, além da COVID-19 e por causa da COVID-19 um dos principais desafios do setor é manter os ganhos de eficácia do sistema em termos de aumento da taxa de sucesso, da diminuição do abandono e do aumento da taxa liquida de escolarização básica até o 8º ano de escolaridade, que passou de 86% para 93% e ainda da garantia da continuidade do processo de revisão curricular que tem permitido a produção de novos programas e materiais de apoio do 1º ao 8º ano de escolaridade e a adoção de abordagens inovadoras nos processos de ensino aprendizagem. Como resultado, este ano letivo está marcado pela materialização, produção de um novo perfil académico de crianças e jovens que em 2021 ao finalizar o 8º ano de escolaridade, contam com 4 anos de aprendizagem de 2 línguas estrangeiras, com um módulo de tecnologias de informação e comunicação e com competências aprofundadas nas áreas das expressões, das ciências e da história e a geografia de Cabo Verde.
Caros e caras
Todo o quadro de ação tem seguido os conselhos de parceiros nacionais e internacionais e utilizamos as soluções mais inovadoras, para dar respostas satisfatórias. Neste momento todos somos “aprendizes” e a dinâmica da pandemia nos obriga a um seguimento constante da situação, a trabalhar com diferentes cenários e situações atípicas, como é o caso da impossibilidade de iniciar as aulas presenciais na cidade da Praia.
Estamos trabalhando na procura de soluções que nos permitam a 2 de novembro termos cenários alternativos, que serão previamente partilhados com associações de pais, mães e encarregados de educação, docentes e autoridades de saúde.
Neste contexto é crucial a flexibilidade, o seguimento e a avaliação constante, por isso continuaremos trabalhando para que a educação continue a ser inclusiva e de qualidade, capaz de acolher e garantir a permanência e o sucesso das crianças e jovens no sistema educativo e de contribuir para a formação de uma cidadania, mais preparada para os desafios que a situação atual nos coloca.
Mas este é um trabalho de todas e todos e hoje como nunca necessitamos da colaboração das famílias. Não vamos muito longe se em plena pandemia, tal como estamos neste momento, garantimos a biossegurança nas escolas, mas o comportamento da população nos diferentes espaços de convivência não é pautado pelos mesmos cuidados e princípios. Temos de potencializar o exercício pleno da cidadania e nesse sentido, cabe a todos e todas e em especial às famílias para que pautem o seu comportamento pela prevenção e para que reforcem a comunicação com os seus educandos em relação a atitudes e comportamento a seguir dentro e fora do âmbito escolar.
É por isso que me sirvo deste espaço para apelar a todos e todas para agirmos em sintonia, para que juntos possamos continuar garantindo o direito à educação das nossas crianças, adolescentes e jovens.
Muito obrigada.